A inflação no mês de janeiro ficou em 0,42%, em grande parte devido a alta do preço dos alimentos, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (8). O grupo de alimentação e bebidas, tão fundamental para o consumo das famílias, teve a sua maior alta desde janeiro de 2016, impactando também os dados da inflação. Os dados mostram que a alimentação em casa teve um aumento de 1,38%, o que pode ser visto na alta do preço dos alimentos produzidos.
De acordo com especialistas do IBGE, o aumento nos preços é principalmente devido à altas temperaturas e chuvas intensas que afetaram regiões produtoras do país. Para além dos números, faz necessário ter uma visão contextualizada dos dados para entender seus efeitos e também os conceitos mais utilizados. Por isso, nesse artigo, o Novo Post vai te ajudar a compreender o cenário da inflação em janeiro desse ano no que diz respeito a alimentação.
O que é o IPCA e o INPC?
A inflação, alta do preço dos produtos e serviços, é calculada por índices de preços, chamados também de índices de inflação. Dentre esses índices, o IBGE é responsável por produzir dois: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA). Ambos os índices tem o mesmo objetivo: medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. Assim, é possível obter resultados para entender se os preços aumentaram ou diminuíram.
A diferença entre os dois é fácil de entender, pois o IPCA, como seu nome já diz, considera uma parcela maior, refere-se a variação de preços em famílias com renda mensal de 1 a 48 salários mínimos. Já o INPC observa a variação de preços em famílias com o rendimento mensal entre 1 e 5 salários mínimos, um grupo mais sensível a variação de preço.
O IPCA é utilizado pelo governo federal como o índice oficial da inflação no Brasil, servindo de referência para metas de inflação e para alterações nas taxas de juros. Também é utilizado pelo Banco Central para obter a meta oficial da inflação. O índice calcula o custo de vida de famílias que recebem de um a 40 salários mínimos ao mês.
Esse cálculo é feito a partir de um levantamento mensal, que analisa preços em áreas urbanas do país para comparar com os preços do mês anterior. O resultado é um valor que expressa a variação geral de preços ao consumidor durante o período. Assim, é possível observar se houve um aumento ou se diminui o preço.
Como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor analisa inflação para famílias que recebem de um a cinco salários mínimos, um grupo que tem boa parte de seus gastos destinados à alimentação, a taxa INPC em janeiro ficou maior do que a IPCA. Segundo a Agência Brasil, há uma relação de que quanto menor a renda, maior o gasto proporcional com comida. Sendo assim, o resultado do INPC em janeiro de 2024 foi de 0,57% de acordo com o IBGE. Enquanto o IPCA foi de 0,42%.
O aumento no preço dos alimentos
Foi constatado um aumento no preço dos alimentos de consumo básico, comuns para o dia a dia das famílias, principalmente de alimentos em seu estado natural, como hortaliças, tubérculos, raízes e frutas. O que pode ser explicado devido as condições climáticas do início do verão, com um mês marcado por fortes chuvas e alta temperatura. Desse modo, os alimentos que mais pesaram no bolso do brasileiro foram a cenoura (43,85%), batata-inglesa (29,45%), feijão-carioca (9,70%), arroz (6,39%) e frutas (5,07%).
As condições climáticas nos meses de verão podem afetar a produção desses alimentos e, como consequência levar a uma alta dos preços. Pois resulta em menos produto à venda e maior o preço, a famosa lei da oferta e demanda.
Como ficou o preço dos transportes?
Após a alimentação, transportes é uma categoria na qual as famílias destinam boa parte da renda. No entanto, ao contrário da alimentação, a categoria de transportes teve um recuo nos preços, chamado de deflação, o que ajudou a conter a inflação total em janeiro.
Essa queda no valor dos transportes foi resultado da queda dos preços das passagens aéreas, que antes tinham apresentado uma alta nos meses de setembro até dezembro do ano passado. Depois do aumento de 82,03% no acumulado de setembro a dezembro do ano passado, as passagens aéreas tiveram uma queda média de 15,22% em janeiro de 2024.
Para completar, houve uma queda nos preços dos combustíveis, com os recuos do etanol (-1,55%), óleo diesel (-1,00%) e gasolina (-0,31%). Segundo segundo especialistas do IBGE, a queda de preço da gasolina ajudou a conter o resultado geral do índice IPCA.
Com informações da Agência Brasil e IBGE.